sexta-feira, 6 de maio de 2011

William da Rocinha...

Líder comunitário, reconhecido como um dos grandes responsáveis pela pacificação da Rocinha, famoso como DJ, com seu toque mágico operando as pick-ups, William de Oliveira já passou pela prisão, viu de perto a sombra da morte, conduzido pelas armadilhas das drogas. Hoje, deu a volta por cima e usa sua experiência para melhorar a vida das pessoas. É fã do presidente Lula e quer ser deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Não perca esta entrevista com histórias da vida real que mais parecem um roteiro de cinema. Com vocês, WILLIAM DA ROCINHA.



01 - Quem é William da Rocinha por ele mesmo?

William de Oliveira, William da Rocinha ou Willian DJ de fato e de direito é a mesma pessoa, não são personagens diferentes de uma mesma história. Aos 38 anos, William de Oliveira é um típico exemplo de que é possível crescer e desenvolver-se dentro do espaço público de uma favela. Sua meteórica ascensão social é fruto, sobretudo, da infância pobre e sofrida ao lado da mãe Maria da Conceição e dos quatro irmãos. Exemplos e modelos ele buscou em atores sociais locais os mais diversos, aos quais jamais pensou que um dia viria a substituir, definindo os rumos e ajudando a fazer da Rocinha uma comunidade menos sofrida e abalada... Na verdade William fez mais. Ousou tocar em temas e mexer com situações que nas décadas passadas eram verdadeiros tabus e assuntos, se não proibidos, unanimemente evitados por todos.

Hoje William é mais que um nome, uma expressão emergente e representativa de uma categoria, que, mesmo tendo acostumado a ver-se marginalizada e discriminada, luta por sua alforria. O líder comunitário de origem humilde e desfocada foi, aos poucos, se tornando uma pessoa imprescindível ao convívio de todos. Inicialmente como vendedor de roupas pela comunidade aos 14 anos, subindo e descendo toda a Rocinha das 7h às 17h. Aos sábados e domingos, ao anoitecer, virava um carregador de caixas e equipamentos de som da equipe Status Disco Dance, o que possibilitou que se tornasse um integrante da equipe até que finalmente se tornou DJ e passou a comandar, ele mesmo, os eventos.

Como DJ, fez várias produções musicais, entre elas, Mc Galo, Mascote, Nem, Marquinhos e Dolores, Big Rap e Luciano, Gorila e Preto, Marcio e Goro, Mc Marcinho e centenas de Montagens. Passou a dar seu toque de habilidade, colocar seu gosto e suas aptidões à prova pública. Durante quase duas décadas percorreu todo o Estado do Rio fazendo eventos. Teve o prazer da conhecer e fazer alguns trabalhos com Admir Lemos, Cidinho Cambalhota, Fat Boy, Mc Batata, Luiz Carlos Nascimento e muitos outros amigos, Sany DJ, trabalhou com William na Rocinha, Mc Serginho do Vai Lacraia. Ele era DJ Serginho. O Grupo YOU CAN DANCE apareceu para ele em Nova Campanas no inicio dos anos 90, seu empresário era Admir Lemos.

''Olha a rapa, olha a rapaziada''. Tenho muitas historias para contar do mundo Funk:

Aprendi a fazer o bem. O Funk social... Dos quilos de alimentos, cobertores, leite em pó... Fiz e gostei. Primeiro servi de âncora para trazer de volta a credibilidade às associações de moradores, mais especificamente à União Pró=Melhoramentos dos Moradores da Rocinha, onde ganhei, como vice-presidente, as eleições no ano de 2000.

Durou um ano, se muito, minha permanência nesse cargo. Abdiquei em nome da ética e em respeito aos milhares de votos obtidos. Continuei William, continuei DJ, continuei do bem! Só não continuei o mesmo. Passei a me intitular "o amigo das comunidades". Passei a fazer campanhas contra o lixo, ajudar na normalização da energia elétrica, organizar festinhas e festejos nas áreas diversas da Rocinha. Cresci! E em 2004, chegou finalmente a hora. Disputei com quatro outros candidatos, quando ganhei a eleição histórica para líder comunitário da comunidade da Rocinha.

02. Sempre ouvimos as pessoas falarem que os favelados são felizes, é isso mesmo ou trata-se de uma "lenda" ?

Como diz Cidinho e Doca, "eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter na consciência que o pobre tem seu lugar. Essa concepção mudou muito. Hoje, nas favelas do Brasil, não se moram mais pobres, os ricos também estão por aqui. Sou muito feliz por morar na Rocinha, mas isso não quer dizer que vou morrer aqui.

As pessoas nascem nas comunidades, trabalham e lutam para ter uma qualidade de vida melhor e, claro, sair da favela e partir para uma vida melhor.

Nas favelas do Brasil, temos advogados, engenheiros, arquitetos, juízes, promotores, enfim, pessoas formadas e conceituadas nas suas atividades. Eu sou um exemplo disso.

03. Você acha que devemos trocar o nome da favela para amenizar o impacto negativo que esse nome gera ?

Claro que não. As favelas têm suas histórias e seus históricos de luta. Temos que melhorar a qualidade de vida de quem mora nas favelas, dar mais humanização. Muitos políticos não gostavam de investir nas comunidades até que Deus nos enviou um pai, o presidente LULA. Esse homem, com seu histórico de vida, mudou a vida de muita gente, mostrando que tudo é possível. Contou ainda com a parceria do governador Sergio Cabral. Por que mudar o nome favela? Ninguém quer mudar o nome da rua Vieira Souto. Por que? Porque lá tem quem defende esse direito, por isso que precisamos de pessoas que defendam os direitos das favelas, de fato e de verdade.

04 - Você foi preso e acusado de ajudar um grande traficante do Rio de Janeiro, pior, foi flagrado falando com um bandido no telefone no Jornal Nacional. Existe defesa para isso?

Na verdade, não fui preso por esconder traficante, até porque jamais teria esse poder. Fui preso porque uma ex-presidente da Associação, que era investigada, disse uma história mentirosa sobre mim e também por defender as Comunidades nos conflitos vividos, nos anos de 2004 e 2005, na Rocinha, e na Zona Sul. Lembro-me também dos conflitos com o ex-secretário de Segurança do Garotinho, pois foi em seu governo que tudo isso aconteceu.

Eu estava numa reunião com várias lideranças comunitárias do Rio de Janeiro, com o governador, meu telefone toca e a mensagem é a seguinte: "o BOPE está na Rocinha detonando geral". Na mesma hora, me dirigi ao governador Garotinho e o informei que o BOPE estava na Rocinha tocando o terror. O governador disse que aquilo não era verdade, que ele mesmo havia dado ordens para o comando do BOPE não ir a Rocinha. Eu disse que estava ao telefone com um dos assessores da associação e que o BOPE estava na Rocinha sim.O governador insistiu em dizer que era mentira aquela informação. Eu inocentemente disse ao governador na frente de todas as lideranças, que mentiroso era ele, que não cumpria palavra.

Esta foi minha sentença. Passado alguns dias, eu fui preso por associação ao tráfico de drogas, corrupção Ativa e formação de quadrilha. Conversas telefônicas foram gravadas entre mim e o chefe do tráfico da Rocinha na época. Porém cabe dizer que esta conversa foi induzida por um dos comandantes da Polícia, que queria recuperar alguns fuzis enferrujados que haviam sido roubados de um quartel do exército. A mensagem do comandante era: "ou entrega os fuzis ou nós vamos subir e quebrar geral". Eu fui quebrado na minha espinha dorsal. Saí preso, algemado e humilhado, carregado por ruas, becos e vielas, exposto publicamente como nunca nenhum bandido perigoso desta ou qualquer outra favela houvera sido. Toda a imprensa do Brasil noticiou a "grande notícia" do "envolvimento do líder comunitário com o tráfico de drogas da Rocinha", e com o "sumiço das armas do Exército".

Gravações desconexas e sem sentido começaram a surgir em séries na TV e jornais respectiva e sequencialmente.

A mídia fez questão de tirar uma foto minha algemado na porta da associação e divulgar.

Escutas telefônicas, por exemplo:

O Goleiro da Seleção Brasileira Julio César ( link) e outros jogadores foram fraudados e as gravações também foram divulgadas em nível nacional falando com o mesmo traficante, que me acusaram de ter relações, o BEM-TIVI. Portanto, fui preso e fiquei 9 meses preso, enquanto todos os jogadores foram convidados a dar esclarecimentos. Isso porque eu que nasci e me criei na favela, não poderia falar com um traficante.

Celso, vou dar um exemplo real do que acontece nas favelas brasileiras. Meu pai é um morador de favela, ele tem um amigo, estudaram juntos, jogaram sinuca, pescaram e viviam uma amizade de freqüentar a casa um do outro, a mãe, a mesma coisa. O filho desse amigo do meu pai cresceu junto comigo. Por ironia do destino, esse jovem se torna um traficante e vira chefe do tráfico na Favela. Por outro lado, eu me torno presidente de uma associação ou até mesmo outra profissão que tenha visibilidade na favela. Como fica nossa situação? Falar, nós podemos falar, nós não podemos participar e nem ficar usando da força que ele exerce para coagir ou oprimir as pessoas, temos que separar a Convivência da Conivência.

Mas como fica a situação dos demais? Eles não tinham motivos para falar com traficantes e mesmo assim falaram, só que os tratamentos são diferenciados. Será que, se eu fosse um presidente rico, tudo aquilo teria acontecido comigo?

05 - Que lição trouxe do presídio? É possível uma recuperação do presidiário com o sistema carcerário brasileiro?

Em primeiro lugar, quero dizer que preguei muito o evangelho naquele lugar. Abrimos uma igreja para pregar a palavra de Deus, e Deus operou grandemente naquele lugar. Marina Maggessi e Fernando Salsicha são pessoas abençoadas por Deus porque eles nos proporcionaram aquele momento, doando-os equipamentos para que pregássemos o evangelho a toda criatura.

Foram quase 200 dias naquele local, onde dormia com setenta, oitenta, e às vezes até com cem presos em um cubículo. Passei os três primeiros dias sem dormir, a cadeia pára meia noite e somente volta ao meio dia, o sono dos presos são primordiais. Também aprendi a me virar dentro da cadeia, talvez você saiba como é ou já ouviu aquele ditado "filho chora e mãe não ver". O vaso sanitário é chamado de "Boy", quando você quer ter uma intimidade, eles chamam de parlatório, tudo lá dentro tem um vocabulário próprio.

Todos os dias às 18h havia reverências aos líderes de facções. É um mundo totalmente diferente deste aqui fora, a cadeia tem sua cultura e regras próprias e você tem de respeitá-las.

Eu posso dizer que com todas as tristezas que passei nos nove meses em que fiquei preso: aprendi muitas coisas e conheci muitas pessoas, até hoje tenho muitos amigos de bem que conheci no cárcere, pessoas que foram injustiças como eu, mas também conheci pessoas que só via pela televisão, que para a sociedade são de alta periculosidade, mas que, muitas vezes, são tidos nas suas comunidades como heróis.

E possível recuperar os presos sim. Desde que sai do cárcere, tenho participado ativamente dos debates que envolvem segurança pública. Fui eleito e participei da 1ª Conferencia Nacional de Segurança Pública, CONSEG. Nela, lutei para aprovar este princípio e diretriz:

- - Reconhecer a necessidade de reestruturação do sistema penitenciário, tornando-o mais humanizado e respeitador das identidades, com capacidade efetiva de re-socialização dos apenados, garantindo legitimidade e autonomia na sua gestão, privilegiando formas alternativas à privação da liberdade e incrementando as estruturas de fiscalização e monitoramento; e

- Manter no Sistema Prisional um quadro de servidores penitenciários efetivos, sendo específica a eles a sua gestão, observando a proporcionalidade de servidores penitenciários em policiais penais. Para isso: aprovar e implementar a Proposta de Emenda Constitucional 308/2004; garantir atendimentos médico, psicológico e social ao servidor; implementar escolas de capacitação.

Foi uma vitória dos que defendem este tema. Recentemente, vi uma entrevista do presidente do Supremo Tribunal Federal, no 12º Congresso da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, que aconteceu em Salvador. Peluso afirmou que há, no Brasil, casos em que o tratamento dispensado aos detentos "é um crime do Estado contra o cidadão". Peluso ainda lembrou declarações do ministro da Corte Suprema da Argentina, Eugenio Zafaroni, sobre graves problemas com os presos na América Latina: "Os Estados nacionais não têm condições, sobretudo na América Latina, de responder às demandas de dignidade humana da condição dos presos". "Nós temos, portanto, que começar a pensar em soluções alternativas à prisão", opinou.

Ainda segundo o ministro, a prisão não tem servido para reinserir ninguém na sociedade e, particularmente, em alguns casos, nós sabemos muito bem, funcionam, nas prisões, até uma escola de crimes. Quem entra no sistema prisional brasileiro, no sistema penitenciário, tende a sair muito pior do que entrou.

Isso tudo acompanhei de perto, vi pessoas serem presas por pensão e voltar um mês depois por assalto a mão armada. Na verdade, eu também sou uma prova viva disso tudo, se eu tivesse deixado me influenciar não estaria lhe dando esta entrevista hoje.

Só para concluir, como o Estado quer ressocializar ex-detentos, se, quando o preso sai da cadeia, nem o dinheiro para seu transporte imediato ganha? É como se dissesse ao preso "vai, rouba novamente", que estou lhe esperando. Já vi preso que saiu da cadeia e, para não fazer besteira, teve de andar quase dois dias para chegar aonde morava.

06. - Como foi esse momento e quem te ajudou para passar por essa fase?

Foram os nove meses mais difíceis que vivi, foram momentos muito difíceis para mim e para toda minha família, principalmente. Na verdade, até hoje, ainda sinto o baque desta situação, às vezes estou dormindo e acordo assustado achando que ainda estou na prisão, na época, minha filha estava completando um aninho. Ela nasceu no dia 6 de março 2004 e eu fui preso dia 23 fevereiro de 2005.

Muitos amigos me ajudaram, em especial, Deus, que foi o maior deles, minha esposa, amiga e companheira, Ellen Gomes, que nunca deixou de me acompanhar um dia sequer que estive naquele lugar. Também tive amigos guerreiros como a vereadora do município do Rio e amiga, Andréa Gouvêa Vieira, seu marido, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, Flora Gil, Lilibeth Monteiro, Sebastião, ex-presidente do Bairro Barcellos na Rocinha, Carlos Costa, líder comunitário e amigo, os meus amigos e eternos advogados Dr. Alexandre Dumans, Guilherme Henriques e João Bernardo JK, dos moradores da Rocinha que voluntariamente fizeram um abaixo assinado com mais de 10 mil assinaturas em minha defesa, de varias instituições em especial o Viva Rio e o Rubens César Fernandes e seu grupo de conselheiros que sem mesmo me conhecer pessoalmente acreditaram em mim. Há ainda um grupo de pessoas que jamais poderia esquecer: Marina Maggessi, Ferreira, Fernando Salsicha e toda sua equipe de trabalho, são pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida até hoje. Sempre tive vontade de conhecer a Marina, por acompanhá-la pela mídia, quando cheguei preso na Polinter, primeira coisa que disse ao encontrá-la foi que sempre tive vontade de conhecê-la, mas não daquela forma. O engraçado desta historia é que, por meio da minha prisão, hoje, a sociedade tem um grupo de mulheres que nunca imaginavam ter amizade ou se conhecer, e que hoje são eternas amigas, Marina, Flora Gil, Lilibeth e Andréa Gouvêa. Isso é coisa do destino, todas se conheceram através das minhas visitas na Polinter. Por fim, quero agradecer a todos que me ajudaram de alguma forma e até os que fizeram correntes de oração, meus amigos, familiares, parceiros e admiradores do meu trabalho. Agradeço do fundo do meu coração por todo o apoio.

À minha amada e amiga e esposa, Ellen, a você, meu amor, não tenho palavras para agradecer por enfrentar tudo ao meu lado, principalmente, aqueles nove meses dentro do cárcere que pareciam que nunca iriam acabar. Aproveito a oportunidade para lhe pedir perdão, perdão pela ausência, pela distância e por muitas das vezes que eu não pude cumprir o papel de pai e de marido que você merece tanto, lembro até do slogan de uma campanha que você fez "Quero meu marido de volta", depois que deixei a associação você tem… Quero que saiba que EU TE AMO e que você é a mulher da minha vida.

À minha amada e amiga e esposa, Ellen, a você, meu amor, não tenho palavras para agradecer por enfrentar tudo ao meu lado, principalmente, aqueles nove meses dentro do cárcere que pareciam que nunca iriam acabar. Aproveito a oportunidade para lhe pedir perdão, perdão pela ausência, pela distância e por muitas das vezes que eu não pude cumprir o papel de pai e de marido que você merece tanto, lembro até do slogan de uma campanha que você fez "Quero meu marido de volta", depois que deixei a associação você tem… Quero que saiba que EU TE AMO e que você é a mulher da minha vida.

07 - Como foram os primeiros momentos pós prisão? Como é encarar a vida em liberdade de novo?

Fui posto em liberdade no dia 19 de Outubro de 2005 até o julgamento, com a missão de "buscar garantir a paz e a tranqüilidade da Rocinha e toda a região do entorno". Dez dias após sair do cárcere reassumi a associação de moradores. Alguns meses depois, a Rocinha estava novamente nas páginas sociais dos grandes veículos, os programas e projetos caminhavam mais fortes e unidos, tivemos circos, parque de diversões, natal para as crianças especiais e o programa Trilhando a Paz para recepcionar a comitiva do Pan.

As organizações buscavam a integração cada vez maior com a Rocinha, a nossa relação com as autoridades voltaram aos tempos áureos e uma novidade se fez: com todos esses problemas, eu nunca perdi a fé. Evangélico e membro de uma igreja da comunidade, orava todos os dias para que Deus nos libertasse de todas aquelas acusações. Depois de vários habeas corpus negados, na época, quinze, e, ao passar por todos os trâmites dos processos - acareação, acusação e defesa -, a Juíza da 36ª Vara Criminal revogou minha prisão, entendendo que a ordem pública da comunidade piorou após sua prisão.

Atualmente estou presidente nacional e estadual do Movimento Popular de Favelas, vice-presidente do Fórum de Turismo da Rocinha, vice-presidente da Federação das Associações de Jacarepaguá, Barra, Recreio e Adjacências, diretor jurídico, relações públicas e assessor de imprensa da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro, membro do Conselho Comunitário de Segurança Publica da ISP 23, representante da infância e da juventude do MPF. O principal é que estou conquistando o respeito das autoridades, nas comunidades do Brasil, e a parceria com os moradores, comerciantes e todas as instituições locais da Rocinha, que sempre me apoiaram nos momentos mais difíceis de minha gestão.

08. O tempo passou e aparentemente você deu ou vem dando a volta por cima. Hoje acompanha até mesmo o governador do Rio em momentos oficiais. Que trabalho você tem feito para estar nesses ambientes?

Hoje, William de Oliveira é visto e tido como um exemplo de luta por justiça, de valorização à figura do ser humano e da instituição policial e das Favelas do Brasil, de relacionamento estreito com o meio jurídico em todas as suas instâncias. Um homem capaz de desenvolver várias parcerias de trabalho, entre elas, mais de 1200 comunidades em todo o Brasil que hoje respeitam meu trabalho pela participação nos movimentos comunitários. Consegui reconhecimento do governo federal, estadual e municipal do Rio e de outros estados. Na área de justiça, com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, pude fazer o curso Justiça Cidadã e estabelecer parceria com muitos outros órgãos, como Promotoria Pública, Defensoria Pública, Ministério Público, Associação de Oficiais de Justiça, delegacias locais e externas, batalhões, Comando Geral da Policia Militar. Com todas essas instituições e várias ONGs, como o Viva Rio, Cufa e Afro Reggae, Nós do Morro, Observatório de Favelas e muitas outras, tenho tido participação ativa nas comissões comunitárias das federações e dos Movimentos Populares, além da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), que tem participado e incentivado a multiplicação de cursos de Mediação de Conflitos em Comunidades Carentes. No curso Espaços Urbanos, minha participação e dedicação ganhou para a Rocinha uma quadra de esportes para o sub-bairro Macega na Rocinha. Depois de todas essas capacitações e participações, começaram a se abrir as portas governamentais e não governamentais para a Rocinha dos programas sociais para levantar a autoestima de nossa comunidade, dando oportunidade aos moradores. Em parceria com o Viva Rio, montamos o fórum Dois irmãos, fizemos uma grande parceria com a FIRJAM, SESI, FUNDACAO ROBERTO MARINHO, INSTITUTO UNIBANCO e implantamos o Projeto Transformar, dando Educação para 5.000 mil pessoas na Rocinha.

Como presidente da Diretoria da União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha Gestão, de 2004 a 2007, e, em parceria com as demais Associações de Moradores da Rocinha, A Associação dos Moradores e Amigos de São Conrado (Amasco) em 2004, elaboramos em conjunto com profissionais do setor um projeto de reurbanização da Rocinha, que colaborou para uma viabilização do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do Governo Federal nas comunidades do Brasil. A idéia que serviu de base ao PAC começou a partir do Fórum de Urbanização da Rocinha, realizado junto às lideranças das associações da comunidade, em especial naquele ano Aurélio Mesquita, Paulo César Valério e Edigler.

Em 2006, através do meu amigo Luiz Paulo Conde, posso dizer também que foi graças a ajuda dele que tudo isso aconteceu, conheci o senador, hoje, governador, Sérgio Cabral. Iniciamos uma grande amizade. Hoje sou amigo do governador Sergio Cabral, do presidente Lula de ministros e secretários de vários estados do Brasil.
Nunca poderei esquecer que tudo isso foi possível com a graça de nosso Deus Todo Poderoso.

09- Flora Gil, esposa do Gilberto Gil é madrinha de um dos seus filhos, de onde vem esse contato ?

Sim, Flora Gil é madrinha de minha filha Laura Victoria. Conheci a Flora no ano de 1998 em uma atividade cultura, mas ela não lembra de mim desta época. Fui apresentado a ela no ano 2000, fui convidado a participar de uma reunião pelo Soca da casa de cultura sobre um evento cultural na Rocinha, seria um show com o Gilberto Gil. Flora sempre tinha ouvido falar no meu nome por ser um DJ muito popular e famoso na Rocinha e no Rio, segundo ela, todas as vezes que ela fala na Rocinha, sempre diziam o meu nome. Assim, tive a maravilhosa oportunidade de conhecê-la pessoalmente através da organização deste show. Logo após, ela conheceu minha esposa Ellen, que, algum tempo depois, engravidou e Flora disse que queria ser madrinha, por tudo que já estávamos vivendo e por nossa amizade. O mais importante de tudo isso é você poder conhecer sua amada e linda família, Jose, Bem, Gil, Preta que hoje me apresenta para as pessoas como irmão dela, isso me deixa orgulhoso. Flora é um amor de pessoa, ela me apresentou muitos amigos, que também se tornaram meus amigos, Fagner, Regina Casé, Zeca Pagodinho. Quando ela me apresentou ao Junior do Afroreggae, disse "Junior, cuida do William para mim". Hoje o Junior é meu irmãozinho.

O programa Líder Comunitário feito pelo Gil, como Ministro da Cultura, surgiu, através de uma solicitação minha, pelo orgulho que tenho de ser líder comunitário. Também tenho o orgulho de ter como madrinha de casamento Lilibeth Monteiro, quem também é uma mulher maravilhosa, que conheci através da Flora Gil.

10. Como você encarou o fato de ter perdido a eleição da associação de moradores da Rocinha?

Celso, não vou dizer que perdi a eleição da Rocinha. Veja tudo que construí à frente da associação e o que ganhei, após minha saída dela. Posso dizer o seguinte, após minha passagem pela associação de moradores, podemos fazer uma pesquisa dentro da Rocinha, ou fora dela, ou em todo o Brasil, perguntando "Qual foi a melhor gestão a frente da Associação?". Não quero ser o primeiro, mas sei que meu nome e de minha diretoria está presente entre a melhor gestão à frente da UPMMR-ROCINHA.

11. Foi noticiado que o tráfico decidiu a eleição em favor do seu concorrente, vale a pena lutar num espaço onde o tráfico sempre será a palavra final ?

O tráfico vive nas comunidades, nas Favelas e Periferias do Brasil há muitas décadas.

Quando eu nasci, o tráfico já existia na Rocinha, isso em 1971. Só não era essa industria que hoje funciona no Brasil. Certa vez, estava eu em uma reunião de segurança pública, o Secretario na época, Marcelo Itagiba, disse "William, vamos fazer uma campanha contra as drogas na Rocinha". Eu disse "Vamos sim secretário, mas vamos estender para a Vieira Souto, lá o povo cheira muito mais. Ele ficou irritado com a minha fala. Viver em uma comunidade carente dominada pelo tráfico é viver no fio da navalha. Você sabe por que já viveu em uma ou vive, não sei se mora na Cidade de Deus ainda, apesar de o tráfico não atuar na CDD.

Temos muitos trabalhos para diminuir o índice de pessoas envolvidas no crime, veja o exemplo do Feijão e do Norton do Afro reggae. Temos muitos Norton e Feijão que precisam e querem essa mesma oportunidade, eu acredito muito na ressocialização. Lembra da passagem do filho pródigo? Capítulo 15:11-32 do Evangelho de Lucas. Tudo é oportunidade, se tiver oportunidade tudo muda.

Acho que vale a pena sim, mesmo com todas as dificuldades, como disse a Marina, matar o bandido e fácil, o difícil e fazer com que ele não cresça.

12. Por que você resolveu ser candidato a um cargo eletivo este ano?

Na verdade, Celso, os moradores da Rocinha e das comunidades adjacentes sempre me pediram para que me candidatasse, esse é um dos motivos que sou candidato a Deputado Estadual, o outro é porque não vejo nenhum dos deputados e vereadores eleitos, que se rotulam "Líder Comunitário',' defendendo verdadeiramente nossa bandeira. Vejo os líderes comunitários abandonados, oprimidos, até mesmo os moradores de comunidades. Os parlamentares parecem mais preocupados com questões partidárias e pessoais. Em seus discursos, lembram do povo, dizem que fazem e acontecem, mas no dia-a-dia votam projetos que prejudicam a população e principalmente o povo das comunidades, além disso, acabam se vendendo em troco de banana, não cumprindo seu papel de parlamentar. Muitos dizem que a política é uma droga e corruptível, mas só vou saber se eu fizer a diferença, se eu fizer a diferença como deputado, como faço sendo líder comunitário. Sem falar que existem deputados e vereadores eleitos que não sabem nem para quem ou por que estão ali.

O deputado estadual é quem faz e aprova as leis que regem o estado. O papel dos deputados estaduais é fiscalizar o executivo estadual e legislar sobre tributação, orçamento, consumo, meio ambiente, educação, cultura, esportes e outros, desde que as leis estaduais não contrariem a legislação federal.

Ao ser eleito pelo voto popular, o deputado assume mandato de quatro anos. Durante esse tempo, participa das sessões plenárias e dos trabalhos das Comissões. Além disso, atende pessoalmente aos eleitores, encaminhando seus pedidos a órgãos governamentais ou apresentando em Plenário, assuntos de interesse do segmento social ou da região que o elegeu. Ouve a opinião de grupos organizados que reivindicam a colocação de temas específicos em pauta. Para isso, o deputado costuma receber em seu gabinete trabalhadores, dirigentes sindicais, lideranças de várias comunidades e entidades representativas.

Por isso, decidi me candidatar, para poder entender este trabalho e construir um novo rumo para o estado do Rio e suas comunidades.

Como dependo de votos para ser eleito, vai comprar sapatos, pois não tenho grana, mas tenho muitos conhecidos e pessoas que acreditam em meu trabalho. Posso dizer que só de família e amigos já tenho 500 votos, inclusive o do Celso Athayde, da Preta Gil e da Lia, ex-BBB.

13- Se você não conseguiu os votos suficientes para ser presidente da associação da Rocinha , então não faz sentido achar que será eleito a deputado, certo?

Eu não sei se vou ser eleito, pela fé já estou né? Rs rs rs. Mas não custa nada tentar. Olhando por esse lado ou por essa percepção, cria até dúvidas em quem olha de fora para dentro, só que estamos falando de duas coisas diferentes, uma é um voto para a associação de moradores que não é obrigatório, outra é o voto eleitoral obrigatório, isso quer dizer que as pessoas terão que escolher um candidato, e eu espero que seja eu, é claro. Com tudo que vem acontecendo nas comunidades do Rio e grande Rio, notamos que as coisas estão mudando, se você andar comigo hoje na Rocinha ou em qualquer comunidade, até mesmo no Largo da Carioca vai perceber minha popularidade. Já andei ao lado de muitas autoridades que as pessoas não as reconheciam, mas me conheciam, às vezes, até mesmo artistas. Garantia que vou ser eleito eu não tenho, mas tenho a garantia de que o povo quer fazer uma grande mudança entre os parlamentares que eleitos estão, por isso, vamos à luta. Quem sabe na próxima entrevista já estarei como deputado? (risos)

14 - Os melhores políticos abraçam causas. Eleito, qual será a sua causa?

A minha candidatura é conseqüência do que consegui produzir no Rio de Janeiro.

Portanto, o lema é trabalhar, trabalhar e trabalhar.

A gente vai colher exatamente o que a gente plantou. Se a gente plantou ódio, se a gente plantou inveja, se a gente plantou discórdia, a gente vai colher desgraça.

Mas se a gente plantar harmonia, plantar companheirismo, plantar lealdade, a gente vai colher muita coisa boa e esses serão os meus propósitos.

Entre as propostas já assumidas pela minha experiência como líder comunitário para este mandato, podemos destacar os seguintes objetivos:

- Fiscalizar a aplicação do dinheiro público;
- Regulamentar a posse daqueles que nunca foram amparados por uma política habitacional justa, lutando pela construção de casas populares;
- Conseguir recursos para obras de saneamento;
- Garantir o acesso irrestrito à Justiça, pela permanência do Estado junto das comunidades mais carente;
- Lutar por melhores condições de transporte público;
- Lutar por cursos profissionalizantes, que realmente capacitem pessoas para empregos que existam e pela qualificação dos jovens e adultos.
- Defender a educação em tempo integral. A educação é o passaporte para o desenvolvimento pessoal do ser humano;
- Fomentar a integração do líder comunitário com o Estado e a sociedade, para que as pessoas tenham livre acesso aos serviços, sem a necessidade de intermediários.
- Implementar uma lei que possa garantir a participação e acompanhamento efetivo das Federações de Associações de Moradores, dos Movimentos Populares, do Balcão de Direitos, do Tribunal de Justiça junto à Justiça Cidadã, ao Ministério Público, à Defensoria Pública, à Secretaria de Direitos Humanos e aos demais órgãos da sociedade civil, respeitando a prioridade das prioridades em sua pauta: atender às crianças, aos jovens, aos idosos, aos deficientes em Geral, os usuários de drogas e os egressos do sistema penitenciário das comunidades já ocupadas pelas UPPS.
- Trabalhar pela reestruturação do sistema penitenciário, tornando-o mais humanizado, com respeito às identidades, com capacidade efetiva de ressocialização dos apenados, garantindo legitimidade e autonomia na sua gestão, privilegiando formas alternativas à privação da liberdade e incrementando as estruturas de fiscalização e monitoramento, além de manter no Sistema Prisional um quadro de servidores penitenciários efetivos, sendo específica a eles a sua gestão, observando a proporcionalidade de servidores penitenciários em policiais penais.
- Apoiar a aprovação e implementar a Proposta de Emenda Constitucional 308/2004.

15. Você atribui várias conquistas nas favelas ao presidente Lula. Como você acha que ficará a situação das favelas, se o José Serra for o novo presidente?

Sou fã e amigo do presidente Lula, além disso, sou filiado ao PRB há 3 anos, partido do vice-presidente da República, José Alencar, que faz parte da base do governo. O presidente Lula é um ser humano maravilhoso, fez história no Brasil e mundo afora. Muitas pessoas não acreditavam nele, hoje ele tem quase 90% de popularidade no mundo inteiro. O governo dele conseguiu diversas conquistas, entre elas, aumentou o índice de desenvolvimento humano das cidades brasileiras, nunca se fez tanto pelo pobre no Brasil, não vou criticar ou julgar o Governo A, B ou C, todos tiveram as mesmas oportunidades de fazer o que o Lula está fazendo, mas faltaram coragem e planejamento. Como diz nosso presidente "Nunca se fez tanto na história desse país".

Quanto ao José Serra, candidato à Presidência da Republica, caso seja eleito, vamos cobrar como cobramos hoje do Presidente Lula. Depois de muitos anos de luta, aprendi que não adianta ficar reclamando, temos que cobrar e fazer a nossa parte, não importa quem esta no poder, pode ser o PT, PMDB, PRB, PSDB etc..

16. Às vezes eu tenho a impressão que a Rocinha é um grande zoológico, quando os turistas vão ver os moradores de perto. O que você acha desse meu sentimento?

Na verdade, modelo predominante de turismo na Rocinha ainda é aquele chamado pejorativamente de "sáfaro", em que turistas são conduzidos em jipes ou camionetes, visitam os mirantes, compram artesanatos e souvenires, apreciam uma roda de samba e tiram muitas fotos, nem sempre interagindo positivamente com os moradores. Um passeio clássico leva turistas ao magnífico mirante na parte mais alta, conhecida como Laboriaux, com direito a vista da Pedra da Gávea, do Corcovado e do mar de São Conrado, entre outras maravilhas. Em seguida, os visitantes fazem compras no largo dos Boiadeiros e terminam o passeio geralmente na quadra da Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha."

Mas quero riscar essa expressão "sáfari" do meu vocabulário. Muitas vezes, o turista chega em tudo quanto é lugar na Rocinha e sai tirando foto. Muita gente não gosta. E nem estou falando do tráfico, e sim dos moradores comuns. Ouço muitos comentários de que o turista quer filmar o miserável, e existem pessoas que não querem aparecer ali como miseráveis, entende?

17. Mas o turismo, sem dúvida, é uma fonte importante de recursos para a Rocinha, que não dá para abrir mão. Você teria uma proposta alternativa, que preserve o turismo sem apelar para uma forma pejorativa de usá-lo?

Como vice-presidente do Fórum de Turismo, pretendo criar na Rocinha roteiros com outra qualidade. Queremos estabelecer projetos que possam conscientizar e dar uma aula de cidadania aos turistas. Muitos turistas com dinheiro para ajudar ou com trabalho social em seu país pode se interessar pelos projetos sociais e artísticos que são desenvolvidos aqui.

Vivem aqui na Rocinha cerca de 200 mil habitantes, que recebem na alta estação a visita de até 300 turistas estrangeiros por dia. Essa demanda – passeios monitorados na comunidade – é explorada por cerca de dez agências de viagem e por algumas centenas de parceiros espalhados mundo afora. Essa movimentação inspirou a criação do Fórum de Turismo da Rocinha. A ideia nasceu em um curso de formação oferecido pelo Sebrae-RJ, do qual participaram diversas lideranças comunitárias, inclusive eu.

O Fórum pretende ainda criar alguma atividade que figure definitivamente no calendário turístico e cultural carioca. A ideia é realizar o Dia do Tour na Rocinha. Queremos fazer um dia inteiro de visitação à comunidade destinada aos turistas estrangeiros, brasileiros e até mesmo a moradores do Rio de Janeiro. Vamos mostrar o artesanato, o samba, a capoeira e outras manifestações culturais, além de pontos históricos e iniciativas sociais.

18. Você já foi "bandido"?

Bem, no dicionário Aurélio tem escrito que bandido é bandoleiro, já bandoleiro é salteador de estradas. Já traficante é Que pessoa que faz traficâncias. O fora-da-lei é quem vive à margem das leis criadas pela sociedade, criminoso, marginal. Pois bem, estive envolvido na criminalidade na década de 90, guardo isso como uma experiência de vida pessoal, graças a Deus, nunca fiz mal a ninguém enquanto estive naquela vida. Quando ouço a Musica do MV BILL Testemunho, sinto na pele o que vivi naquela vida, muitas músicas nos fazem lembrar o que passamos no passado, pois são feitas de realidade.

19. Que tipo de droga você usa ou usou?

Graças a Deus eu não sou mais usuário de drogas, mas já fui viciado em cocaína. Usei vários tipos de drogas, mas a cocaína que foi o meu vício e quase a minha destruição. Hoje eu sei o que passa os familiares de viciados, na época, eu era tão viciado que o pó da boca de fumo não fazia mais efeito em mim, só se fosse cocaína pura.

Um dia, fui fazer um baile em uma comunidade carente, nesta época eu era DJ, era viciado em drogas, eu suei tanta, mas tanta cocaína nesse dia, que cheguei a vomitar uma gosma verde e passei muito mal, a partir desse dia, entrei em uma batalha para me livrar das drogas. Só consegui largar a cocaína e o cigarro quando virei evangélico, hoje não vejo outro caminho se não for esse, porque bati em várias portas, mas a única porta que se abriu para mim foi a da casa do senhor Jesus. Hoje, para a honra e gloria do Senhor Jesus, estou lavado e remido para a honra e glória do seu nome...

20. Você relaciona o fato de ter largado as drogas à Igreja Evangélica. Que tipo de apoio recebeu lá que não encontrou em outros lugares? Não seria papel do Estado dar este apoio?

Sim, claro que relaciono, porque as igrejas trabalham pela Fé, eu mesmo sou prova viva disso, tenho um irmão que era homossexual, nada contra os homossexuais, ele era usuário de drogas, passava noites e dias acordado, por varias vezes tirei ele da morte. Quando estava vice-presidente da Associação presenciei meu irmão tomar uma surra tão grande que jamais esquecerei, apanhou de tudo que você imaginar, ferro, madeira, taco de beisebol, socos etc..etc..

Em dezembro de 2008, levamos meu irmão para um centro de reabilitação do pastor chamado André em Câmara, este espaço que ele tem não tem apoio de ninguém e de nenhum Governo, aliás os Governos não têm centro de reabilitação, essa e uma área que deveria ser priorizada nos governos, os dependentes químicos e os de drogas deveriam ter tratamento priorizado. Você já viu com quantos egressos o pastor Marcos Pereira de Éden trabalha.

Se não fosse o trabalho das igrejas na ressocialização dos Viciados, dos egressos e dos drogados, as coisas estariam bem piores, graças a Deus existem essas instituições "Igrejas'', se os governantes não fazem, pelo menos, deveriam dar apoio às igrejas que fazem este trabalho voluntário e seriamente, Quando cheguei na igreja o único apoio que recebi foi espiritual, não precisei mais de nada, apenas uma palavra que mudou minha vida, me transformou no homem que sou hoje e Deus me contemplou com a família maravilhosa que tenho.

"Deus esta presente comigo em todos os lugares que eu ando e em todos os caminhos que sigo Deus é realmente Fiel comigo."

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