sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ministro da Cultura Juca Ferreira

Fala galera do Porradão!

Porradão de 20 desta sexta feira traz o Ministro da Cultura Juca Ferreira que afirma : " O partido Verde a Cada dia que passa fica mais conservador e com uma verdadeira escoliose para a direita." 




01 - Quem é Juca Ferreira? 

Estou atualmente Ministro da Cultura (MinC).



02. De onde vem o Juca?  

Venho da Bahia e de outros muitos lugares, onde já morei. 

03. O que o Juca pretende?

Pretendo dar minha contribuição para o desenvolvimento cultural do país, através da atuação do MinC. 

04 -  Mesmo com avanços, sua gestão é questionada. Qual a diferença entre ela, a do Gilberto Gil e a dos governos anteriores?  

A polêmica e o debate são normais no mundo da cultura. Nem Jesus foi unânime. Agora, em um governo bem avaliado como é o do Presidente Lula, nós temos a honra de estar entre as melhores avaliações. A cultura ganhou institucionalidade, passou a ser tratada como política pública em um processo explicitamente democrático, envolvendo todo o país, todas as dimensões da cultura, todos os que fazem parte da vida cultural brasileira, desde o público em geral até os mais diversos trabalhadores. Os avanços são visíveis e evidentes para qualquer um que observar os 25 anos de história do Ministério. 


05 - O Sr. mandou um pacote de projetos de lei para o Congresso que está patinando pelas comissões. Na sua avaliação, o Ministro da Cultura não tem prestígio com os parlamentares ou eles é que não prestigiam a cultura?  

Você deve estar usando o verbo patinar para se referir à velocidade e ao impulso dos patins, para se referir à rapidez, imagino. Considerando o prazo médio de tramitação de projetos no Congresso, assim como o fato de estarmos em pleno ano eleitoral, avalio que os projetos estão seguindo muito bem. Temos recebido apoio dos parlamentares dos mais diversos partidos e somos reconhecidos pela legitimidade conquistada em todos esses processos. Fomos republicanos e plurais desde que chegamos aqui, em 2003, isso tem facilitado o diálogo com parlamentares de todas as correntes políticas e ideológicas. Com o nosso apoio, foi criada a primeira Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, que reúne mais de 400 deputados e senadores, uma das mais representativas do Congresso e uma aliada permanente do nosso trabalho. 




06. - Seu licenciamento do Partido Verde (PV) para apoiar Dilma Russeff é uma traição ao ex-ministro Gilberto Gil de quem Sr. foi braço direito, uma estratégia para se sustentar no cargo ou você acha mesmo que ela é melhor e mais bem preparada do que a candidata Marina Silva? 

Já faz uns quatro anos que exponho minhas divergências quanto aos rumos que o PV vem tomando. Cada dia que passa fica mais conservador e com uma verdadeira escoliose para a direita. Não conseguiram entender a importância do governo Lula e a necessidade de garantir a continuidade dos processos em curso. 


07 -  Seu apoio a Dilma gerou muitas reações do PV, mas por que não gerou tantas reações no quadro político nacional? Isso é porque "cultura não dá voto"? 

Porque era uma crise no Partido. Suspendi minha filiação de 22 anos. Era o esperado. Ninguém dorme ministro e acorda na oposição sem um forte motivo. Sobre a sua segunda pergunta, penso que a cultura foi redimensionada no Brasil, na vida política, social e econômica do país, em nosso projeto de desenvolvimento. O Ministério da Cultura virou vitrine e, também, alvo, para o bem e para o mal. Isso evidencia esse novo momento, o novo papel da cultura na vida pública brasileira.


08. Existe uma informação de que o Luciano Huck deverá assumir o Ministério da Cultura, caso José Serra vença as eleições. O que você acha dessa escolha?  

Não tenho comentários a fazer sobre possíveis escolhas do candidato da oposição. 


09-  A reforma da Lei Rouanet é um cabo de força entre o MinC e os grandes incentivadores privados da cultura, por exemplo: os grandes bancos que oferecem gordos financiamentos as campanhas eleitorais. Isso pode comprometer o diálogo da Dilma com estes segmentos e fazer ela voltar atrás com o projeto?  

Os incentivadores já assimilaram que precisam investir mais em cultura, já se comprometeram a apoiar a reforma. No ano passado, as vinte maiores empresas estatais e privadas assinaram nota de apoio, em que se comprometem a adotar as medidas propostas pela mudança da lei de incentivo, inclusive o investimento mínimo de 20% de recursos próprios nos projetos incentivados. Também se comprometeram a apoiar a implementação do Vale-Cultura. Esse é um projeto de governo, que não foi concebido para poucos, mas para todos os brasileiros. É resultado de uma construção coletiva pelo interesse público e de uma articulação respeitosa com os incentivadores. 



10. É correto afirmar que a chamada elite cultural é contra a reforma da Lei Rouanet? É certo dizer que ela não quer dividir os recursos com os pequenos produtores para continuar tendo o pobre como o seu objeto estético?  

Na Bahia, tem um ditado popular que diz "farinha pouca, meu pirão primeiro". No mundo da cultura isso é muito comum, a partir de uma relação paternalista com o Estado e das dificuldades históricas de se fazer arte no Brasil, cada um pensa primeiro em si. Aos poucos, isso começa a mudar. Há o aprendizado do próprio setor cultural a pensar coletivamente nas políticas públicas, em sua complexidade de demandas e necessidades que extrapolam visões individuais e corporativas. Muitos dos que eram contra a reforma da Lei Rouanet, por exemplo, hoje nos apóiam até porque, com a reforma, ninguém perde, os recursos aumentarão. Antes, os mesmos ganhavam, com a mudança, todos podem ganhar.


11. O presidente Lula vai terminar o Governo com a marca de um presidente das políticas sociais. O que falta para a cultura fazer parte deste dado histórico?  

A cultura já faz parte da Agenda Social do Governo. Podemos fazer muito mais com a aprovação das leis que estão no Congresso. 

12. O Sr. tem dito que a maior forma de inclusão cultural do povo brasileiro hoje é a TV aberta. Na sua opinião os conteúdos deste "meio cultural" são satisfatórios?  

As grandes emissoras preservam a sua natureza de um serviço público de interesse social? Qual é a pior e a melhor emissora neste aspecto? A nossa televisão é mais voltada ao entretenimento e não satisfaz as necessidades da população. É preciso elevar esse padrão e, nesse processo, a TV pública tem um papel crucial. 


 13- O MinC tem estimulado os governos estaduais e municipais a incorporar políticas/programas como o Cultura Viva que reconhece como Pontos de Cultura organizações socioculturais, especialmente, presentes em comunidades populares. Na sua opinião qual Estado e Município do Brasil melhor responde a este estímulo?  

Temos convênios com todos os estados e estamos repassando recursos para todos eles apoiarem as iniciativas culturais desses grupos que você se refere. 


14 -  Em 2003, a CUFA levou jovens do hip hop de todos os estados para uma audiência formal com Presidente da República. Na ocasião, o Lula determinou a abertura de um Grupo de Trabalho Interministerial para tratar as demandas do hip hop. O que avançou de lá pra cá?

No Ministério, o hip hop tem recebido apoio e muitos eventos contam com recursos federais. Acabamos de lançar um edital que vai distribuir R$ 1,7 milhão em prêmios para 135 iniciativas em todo o país. 




15. O Sr. acaba de anunciar o fim do jabá nas rádios. Eu não acredito nisso, o Sr. realmente acredita? O que isso significa?  

Você deve estar me confundindo com outra pessoa. Talvez porque no projeto de lei que colocamos em consulta pública, pela primeira vez o jabá pode ser criminalizado. Isto não quer dizer que vai acabar. Torna-se ilegal e passível de punição.


16. O Sr. concorda com o Governador Sérgio Cabral de que a proposta de divisão do royalties feita pela emenda Ibsen é uma covardia com o Rio de Janeiro?  

Acho que, no final, vai sair uma solução negociada. Os estados e municípios produtores terão uma parcela maior dos royalties gerados pelo pré-sal, ao mesmo tempo, esses recursos deverão impulsionar o desenvolvimento nacional. 



17. As tentativas do MinC de interferir na política de patrocínios das estatais causa que tipo de constrangimentos? 

Nenhum. Temos boas relações com todas elas e a maioria já compreende que, em vez de se comportar isoladamente, assumem seu caráter público e contribuem para as políticas públicas. 


18. Qual a sua opinião sobre as cotas nas universidades públicas? 

Apoio as cotas nas universidades e acho que os resultados são positivos. 


19. Qual a sua posição a respeito da utilização dos animais nos espetáculos de circo?  

A presença dos animais é uma tradição que remonta às origens do circo, mas é preciso garantir que os animais não sofram maus-tratos. É possível buscar soluções negociadas com todas as partes envolvidas. Já me coloquei à disposição do IBAMA para ajudar nesse processo. 


20. Dizem que o PT quer o Ministério da Cultura. Afinal "de quem é" a pasta da cultura, do Juca, do Gilberto Gil ou do PV?   

O Ministério da Cultura é parte do governo e cabe ao presidente eleito escolher seus ministros. Privatizar os ministérios faz parte do passado. Nestes anos de governo Lula, o Ministério da Cultura foi da cultura e nós, ministros, fomos servidores públicos.

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