sexta-feira, 6 de maio de 2011

Alessandro Buzo

Fala galera do Porradão!

Nosso entrevistado desta semana é Alessandro Buzo um legítimo intelectual periférico. .




01 - O que é ser um escritor de periferia?


É ter muita responsabilidade com o que escreve, porque, querendo ou não, você está representando milhares de periféricos que não tiveram a mesma oportunidade que você e até os milhares de suburbanos que nem costumam ler e, de certo, nunca irão escrever. É provar que é possível que um cara que saiu da favela que nem eu, hoje ser convidado pra um Fórum Social Mundial 2010, dividindo a mesa de debate com personalidades como Heloisa Buarque de Holanda, Luiz Ruffato. É estar no Seminário Hutúz, escolas, cadeias e onde mais for convidado, mas sempre sabendo que está falando por milhares, então, aproveite a oportunidade e não fale besteira, deixa isso pras novelas e reality Shows.


02. Qual a sua relação com o rap? 


O Rap é o irmão da literatura marginal, periférica, divergente. Foi o que primeiro ergueu a voz contra o sistema, nossa literatura surgiu fazendo o mesmo papel. Antes de lançar meu primeiro livro (2000), meu contato era pouco ou nenhum, não passava de curtir o som e conhecer alguns grupos de rap da minha quebrada, Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo. No meu livro "O Trem - Baseado em Fatos Reais" saiu da letra da música "O TREM" do RZO e eu nem tinha pedido pra eles autorização, nem conhecia.



Saí na revista Rap Brasil e quando fui dar a entrevista, pedi o contato do grupo, liguei e quem cuidava da agenda deles naquele tempo era o Davi do Gueto: - Você colocou a letra da nossa música onde? 



- Num livro tio, sobre o trem da periferia, só que lado leste, Itaim Paulista.



- E você queria o que mesmo? Disse ele pra mim.



- A presença do RZO no lançamento.



- Que dia que é mesmo?



- 24 de dezembro.



Aí era pedir demais, véspera de Natal, só eu mesmo pra marcar lançamento nessa data. Mas não é que no dia surgiu o Sandrão, Davi do Gueto e mais 2 manos de Pirituba? Nascia ali uma amizade que dura até hoje, frequentei a célebre "laje da casa do Helião", ali conheci pessoas que são amigos até hoje como Tom (RHK), DBS, Negra Li entre outros, ali conheci a guerreira Dina Di, que Deus a tenha num bom lugar.



No mesmo tempo na quebrada, passei a andar muito com o Tribunal Mcs, ia com eles em vários shows.



Depois de 2004 em diante, passei a promover o evento de rua gratuito "Favela Toma Conta" no Itaim Paulista e a partir de então conheci grandes nomes da cena, nas 22 edições que aconteceram até hoje, levei grandes nomes do Rap Nacional, meu maior orgulho no RAP é ter feito 22 edições de uma festa de Hip Hop e não ter uma única pessoa falando de mim, não ter brigado com ninguém, tudo que combinei eu cumpri, desde um transporte de R$ 400 aos maiores cachês que já pagamos, o maior deles foi de R$ 1.200 (lembrando que o evento é de graça), mas se eu combinei R$ 100 com alguém, não pagava R$ 90 e sim R$ 100 como o combinado, R$ 500 não era R$ 400, entende? Falta isso em vários organizadores de evento de Hip Hop e por isso eles param pelo caminho.



Outro fator para me deixar próximo do Hip Hop foi que passei a fazer matérias pra Revista Rap Brasil, a que mais se destacou foi o "rolê" que dei pelas favelas que andou Sabotage, com o Daniel Locutor número 1 e os filhos dele, saiu num especial de oito páginas quando fazia quatro anos que havíamos perdido o poeta do Canão, sem dúvida, minha melhor reportagem.




03. Você está lançando um livro, qual é o objetivo? E quantos outros já lançou?



Até hoje, já lancei 5 livros: 



O Trem - Baseado em Fatos Reais (2000);



Suburbano Convicto - O Cotidiano do Itaim Paulista (2004);



O Trem - Contestando a Versão Oficial (2005);



Guerreira (2006 independente e em 2007 pela Global Editora) e Favela Toma Conta (2008 pela Aeroplano Editora)



Agora, lanço este ano Hip Hop - De Dentro do Movimento (Aeroplano Editora) e tenho um infantil "Dia das Crianças na Periferia", com ilustrações de Alexandre de Maio, mais um outro "Do Conto à Poesia" prontos e aguardando publicação. Sem contar que, ainda este ano, lanço um livro comemorativo dos meus dez anos de carreira.



Além desses, organizo a coletânea "Pelas Periferias do Brasil" Vol I (2007), II (2008), III (2009) e o Vol IV deverá sair em setembro ou novembro desse ano. Com vinte autores de dez estados.



O objetivo é sempre fazer chegar nossa literatura na periferia, a gente vende pra quem pode pagar e deixa uma parte em pontos estratégicos como bibliotecas das comunidades para quem não pode. Espalho pelos lugares onde passo. 



04 -  - Você acha que o rap e os Mcs são coerentes com seus discursos no palco?  



Muitos sim, outros muitos não, mas prefiro falar de mim e de meu trabalho nessa entrevista, dizer que A ou B não faz no dia-a-dia ou que o que prega é ficar mandando recado pra alimentar intriga, eles é que precisam se conscientizar e mudar seus atos, não eu apontá-los. Só digo uma coisa, todo mundo vê e quem vai cobrar são as ruas. Manos que são assim ficam pelo caminho porque hoje existe mais espaço, mas pra quem sabe trabalhar e tem uma proposta boa, então viver o que canta é uma boa pedida. Eu, por exemplo, prego no meu livro infantil "Não dê arma de brinquedo pro seu filho", imagina amanhã ou depois você vai à minha casa e meu filho de dez anos sai do quarto atirando com uma metralhadora (de brinquedo), isso iria desmoralizar minha tese. Meu filho de dez anos nunca ganhou uma arma de brinquedo, mesmo o quarto dele tendo vários brinquedos, nenhum é uma pistola. 




05 - Você não acha que a autocrítica dos movimentos são importantes? Todos os mercados do mundo submetem todas as formas de arte ao debate, às avaliações conceituais e públicas. Você não acha que isso esta acima da chamada "Treta"?  


Acho sim, mas o RAP não está preparado para isso, se você faz uma crítica construtiva, os manos levam pro lado pessoal e você no mínimo ganha um inimigo, se não virar uma treta. Eu lutei contra isso, aprendi a receber críticas ao meu trabalho, separar quando tem maldade e quando é pra somar, pra que eu melhore.



Tem uma história engraçada, num evento (faz tempo), um cara elogiou a Revista Caros Amigos/Literatura Marginal, a seleção dos autores, os textos, me parabenizou por estar na revista, e depois soltou essa: 



- Só tem um texto que não gostei, um cara sai de manhã pra trabalhar.....todo mundo sai pra trabalhar às cinco horas da manhã, blá, blá, blá....



Deixei no gelo, esse texto é meu.



Pra você ver, ele pensa isso, mas esse texto fez tanto sucesso que abriu portas pra mim e virou até monólogo no teatro, são visões diferentes de pessoa pra pessoa.



Até hoje só não sei se ele sabia que era o meu texto que ele estava zuando, ou se comeu bola e estava pagando MICO, vi (pela pessoa) que não valia a pena esticar o assunto. 



06. - Você acha que a revolução vai ser televisionada? 



 Pode ser, se me derem um programa na Globo no lugar do Faustão (mesmo dia e duração) e me deixar mais de dez anos no ar.



Depois de dez anos pode me cobrar, vai ter acontecido uma revolução. 




07 - Como você vê a candidatura do Netinho ao Senado, não confunda essa pergunta com "treta", mas com opinião? 



Acho o Netinho uma pessoa com boas intenções, tem muito político pior que ele, o Netinho veio da periferia e sabe o que ela precisa, se vai ser lembrado como um grande político, só o tempo vai nos dizer.



08. O Ministério da Cultura está lançando um projeto que dificulta a prática de jabá nas rádios. Qual é a sua visão sobre o jabá nas rádios de São Paulo, sobretudo as que tocam rap, se considerarmos que estamos falando de uma população desprovida de investimento?  


Não sei o porquê dessa pergunta, afinal não vivo isso, não sou músico, mas vou dar minha opinião pelo que vejo em São Paulo.


Se levarmos em conta que o RAP vem da população desprovida de investimento, como você mesmo diz, pesa pagar R$ 5.000 de jabá, mas,  no caso de São Paulo, só tem uma rádio aberta (105FM) que toca RAP, o que chamam de jabá serve para manter a estrutura, o local onde a rádio funciona (fui lá, é num prédio comercial), funcionários, radialistas. 



Esse dinheiro serve para alimentar essa estrutura, pelo que me consta, todas as rádios, de todos os estilos musicais cobram jabá e, mais do que "cobra". Acho que em vez de falarmos mal da "única" rádio que toca RAP, a 105FM, devíamos pressionar outras a tocarem também, ligar nos telefones da programação e pedir as músicas, mesmo eles não tocando.
Sei lá, lutar pela liberação das comunitárias que certamente tocariam RAP.



Criticavam a "única" revista que tínhamos (Rap Brasil) até ela acabar.



Criticavam o nosso "único" jornal (Estação Hip Hop) até ele acabar.



Assim como criticam hoje a 105FM, até ela deixar de tocar RAP e ai? O que faremos?



Temos que lutar para ter uma rádio nossa, pra fazermos diferente, mas é só o que eu penso, porque diretamente não tenho nada a ver com esse assunto.



09-  A população Brasileira em geral lê pouco, como fazer a população da periferia gostar da cultura do livro?  



Fazendo cada vez mais saraus nas periferias, montando nossas bibliotecas e livrarias, especializadas em Literatura Periférica. Pelo que me consta a Livraria Suburbano Convicto do Bixiga (da qual sou o proprietário) é a única do país especializada em literatura marginal, periférica.Ttemos quase todos os títulos disponíveis, de vários autores, mas é pouco, só uma livraria no país como o Brasil é pouco, muitas pessoas gostariam de ler nossos livros, mas não encontram, no máximo encontra livros dos autores que publicaram em editora comerciais, difícil é achar os vários títulos independentes, que não param de surgir a cada dia.



Outra questão é o preço. Livro no Brasil é caro, preço ideal seria R$ 10, mas quando vou atrás de algum livro que me chamou a atenção custa R$ 40, R$ 50, com uma naturalidade incrível, como se o salário mínimo no país fosse R$ 1.000.



Todos escritores e poetas periféricos estão fazendo um grande trabalho de espalhar literatura pelas quebradas, cada um da sua forma, isso muda, mas é um trabalho de formiguinha, cada um que resgatamos, tem cem, duzentos, trezentos assistindo BBB na TV por exemplo. Ou em vez de estar ouvindo RAP, o cara ouve Latino, sertanejos. O mercado sabe onde investe, não interessa livros e músicas que tragam conhecimento, contestação, eles querem alienar, porque um povo alienado é facilmente manipulado.



10. Por que os livros editados em periferias não se tornam "Best Sellers"?  


 Acho o "Guerreira" do Buzo, "Capão Pecado" do Ferréz, "Colecionador de Pedras" do Sérgio Vaz, "Graduado em Marginalidade" do Sacolinha e outros verdadeiros" best Sellers". Só o fato de nós estarmos escrevendo nossa própria história, já tem um peso incrível, senão vem o sociólogo, não mais o que "ÓLOGO" e escreve, sem nunca ter pisado no barro.



Pensavam que não sabíamos nem ler e estamos escrevendo nossos livros.



Podem não ser "best Sellers" em vendas, mas são em atitude, posicionamento.



11. Estamos num momento político igualmente importante, quais são os projetos dos candidatos para as periferias de São Paulo?  



São Paulo deixou a desejar várias vezes, quando tínhamos que dar a Marta a chance de continuar, elegeram o Serra, que depois saiu, nos deixou de herança o Kassab, que ainda ganhou pra governador. 



Sempre votei no PT, não porque sou petista, mas sim porque nunca vi opções melhores nos outros partidos.



Imagina SP sem o Bilhete Único que a Marta criou.



Os CEUs também são geniais, estrutura de primeiro mundo na favela. Diziam que não teria como manter, como assim? São Paulo arrecada milhões e mais milhões em impostos todos os dias, tem mais é que fazer coisa boa pra periferia.



O LULA fez do Brasil, em oito anos, um país que superou a crise mundial com traquilidade, se fosse o FHC a fazer isso, seria santificado, mas como foi um nordestino, ex-metalúrgico, não aceitam.



Quem não aceita? A classe média alta, que quer continuar a estar sempre por cima. O progresso do povo incomoda.
Muita coisa ainda falta ser feita, mais tenho certeza que o melhor é a continuidade do LULA com a Dilma, o Serra seria péssimo pro país, como é péssimo pra SP.



Tem que investir em educação, esporte, lazer e cultura, só esses fatores podem melhorar o país, diminuir a desigualdade social e ainda combater a violência de tabela.




12. Essa posição parece não ser compartilhada pela população de São Paulo e a prova é que o Serra está muito bem nas pesquisas dessa região e o Alckmin em primeiro lugar. Isso significa que falta consciência da periferia e da elite de São Paulo? 



Com certeza, o Serra e o Alckmin são o velho estilo de política, aquele que só se vê nas ruas em épocas de eleição, aquele que fala bonito, mas não faz, eu, pelo menos, penso isso deles, não votaria em nenhum dos dois.



Mas o povo abraça justamente porque a maioria da população não vive as ruas, o sonho de consumo das pessoas é comprar um carro, de preferência melhor do que o seu vizinho e já era, tá de bom tamanho.



Luto por mais cultura no Itaim Paulista, bairro no extremo da zona leste de SP com quase quinhentos mil habitantes e desse monte de gente, poucos chegam pra somar no processo, não participam de causas sociais.



Pra gente ver, quer um exemplo maior do que o Maluf, depois de preso, sendo acusado de tudo quanto é coisa, ter se eleito deputado?



O povo não sabe votar, isso é fato, mas não acho que é só em São Paulo, aí voltamos à questão da educação, se o povo fosse mais instruído, com certeza, não teríamos esses políticos sendo eleitos.



Olha na TV (em SP) a propaganda do governo do estado, tem um "pai" que diz: - O ensino é dez, os professores são nota dez.



Parece que está tudo uma maravilha e não é verdade, professores vivem fazendo greve por melhores salários, a polícia nesses casos desce o sarrafo sem piedade. Em São Paulo, aluno do estado passa de ano simplesmente sem estudar, só frequentando as aulas, fiz oficina de literatura com crianças de 10 anos e alguns não sabiam ler e escrever, isso é um crime. O que vai ser desses jovens da periferia quando crescer? Respondo: serão mão de obra barata e empregados do filho do boy que estuda em colégio particular. 



 13- Paulo Skaf, presidente licenciado da FIESP e considerado um homem sério e honesto, é um dos candidatos ao governo de São Paulo. Você não acha que essa seria uma alternativa positiva se considerarmos que é um empresário de ponta e experiente em gestão?  



Acho que sim, é um bom nome, mas não é popular, assim fica difícil para ele se eleger.



O PT está de novo cometendo um erro colocando o Mercadante, ele não é popular e perde fácil pro Alckmin.



Acho que pro governo de SP tinha que ser o Eduardo Suplicy, faria campanha pra ele sem ganhar nada em troca.



O Paulo Skaf pra mim é um excelente nome, mas pergunta para vinte pessoas no viaduto do chá: - O que você acha do Paulo Skaf?? 



Quase todos vão responder: - Quem ???




14 -  É comum alguns políticos se elegerem com o apoio do rap em São Paulo, no entanto, alguns nomes do próprio movimento não tiveram sucesso nas urnas, como Primo Preto, Aliado G, Nuno Mendes entre outros. Ao que se deve esse insucesso?


Por vários motivos, um deles é que o povo do Hip Hop não é unido.

Outra questão é que tem gente no "nosso meio" que acha que se eleger é se vender, pra você não se vender no RAP, precisa estar fudido, progresso é encarado como "se vendeu", parece crime ganhar dinheiro com nosso trabalho.

Quanto aos nomes que você citou, não têm apelo popular, eu mesmo que vivo o RAP nunca nem vi o Primo Preto, só conheço daquele som dos Racionais: - Aqui quem fala é o Primo Preto, mais um sobrevivente. Isso faz quantos anos? É pouco para se eleger. 

Aliado G é conhecido no nosso meio, mas pouco pra sociedade em geral, faz a pergunta de novo pra vinte pessoas no viaduto do chá. O Nuno Mendes, por ser radialista e sempre colar nos eventos, é bem mais conhecido e o que teve mais chance, mas também foi pouco.

Pessoas como o Markão II do DMN e o DJ Slik, trabalham com o Netinho de Paula, no caso do Markão, acho que é um excelente nome para ser vereador, eu votaria nele sem susto, acho que pra ganhar mesmo, teria que ser algum de ponta no RAP, sei lá, um Rappin Hood, um Thaíde, mas não sei se alguém como eles um dia vai tentar.

Eu acho importante algum dos nossos chegar lá, seria no mínimo mais fácil de cobrar.

Eu luto pra não perder o interesse na política, ela move as nossas vidas querendo ou não.

A merda que alguns fazem, elegendo Serra, Maluf, reflete em mim.

Quando o Serra ganhou da Marta, quase perdi o interesse de vez na política, mas a vida continua.

A política é muito importante para estar na mão só dos políticos tradicionais, você vê o horário político e é triste, velhos discursos que você sabe que é tudo blá blá blá...

Antes de você perguntar, não tenho interesse em me candidatar e nunca pensei nisso. Mas se eu me candidatasse e ganhasse, iria causar tumulto, sei o que o povo precisa, onde está o problema: construir mais escolas e menos cadeia, pagar melhor professores e policiais (porque ganhando bem eles não se desviariam tanto, como no caso dos PM), apoiar tudo quanto é projeto social que já existe precariamente, por exemplo, gravei meu quadro na TV com um tiozinho que é pedreiro e faz escolinha de futebol com as crianças, ele atende mais de cem garotos, mas tá desistindo, põe do bolso pra trabalhar, pega esse tiozinho, vê quanto ele ganha por mês e paga pra ele deixar a obra e só fazer o projeto social que ele já faz por amor, multiplica esse exemplo por mil, por dez mil, em médio prazo, muitos problemas estariam resolvidos.



15. Quais são seus projetos atuais? 



Este ano lanço no mínimo três livros: Hip Hop - De Dentro do Movimento (Aeroplano Editora), um livro comemorativo dos meus 10 anos de carreira e o VOL IV da coletânea que organizo "Pelas Periferias do Brasil" com vinte autores de dez estados.
Na TV a gente continua firme e forte no Programa Manos e Minas da TV Cultura, mostrando o lado positivo da periferia. Fizemos um piloto de um programa de 30 minutos e aguardamos negociações com emissoras interessadas, apresentamos primeiro pra TV Cultura, mais não evoluiu.
Quero fazer da minha Livraria Suburbano Convicto no Bixiga (região central de SP), um point da periferia no centro, é a única Livraria do Brasil especializada em Literatura Marginal.
Mas o projeto maior é o Espaço Suburbano Convicto que começa a funcionar em agosto no Itaim Paulista, mudando a cena cultural do bairro.




16. Como vai ser esse "espaço" e quem vai bancar o custo?



Vamos funcionar dentro da Casa de Cultura do Itaim Paulista, que é da PMSP, e com isso não teremos custo de aluguel e um espaço grande disponível, teremos uma biblioteca de livros novos, cinema, sarau, palestras, debates e 10 oficinas culturais para comunidade.
Além da parceria da Casa de Cultura que só vai dar o espaço, temos o Centro Cultural da Espanha que vai bancar as aulas dos arte educadores e algumas outras despesas.
Importante eu usar a minha articulação para ter acesso a um "Centro Cultural da Espanha" e ter ideologia para levar esse apoio pra minha quebrada, não seria possível esse projeto sem o apoio financeiro, previsão de início dia 3 de Agosto de 2010, estamos articulando e, após o final da Copa do Mundo (11/07), até o final de julho, vamos organizar o local, e, em agosto, trabalhar de fato.




17. Qual a sua visão sobre os rappers que freqüentam as casas de shows dos playboys? 



Acho que podemos circular pelos dois mundos, ganhar dim dim dos boy e saber fazer o caminho de volta e investir no progresso da quebrada.
Não tenho nada contra quem vai pro outro lado, só acho que não devemos esquecer nunca nossas raízes, usar nossos contatos para ajudar a quebrada.
Tipo a parceria do Centro Cultural da Espanha, usar minha visibilidade para conseguir apoio fora e levar pra onde precisa, não pensar só no próprio bolso, pensar coletivamente.




18. A Suburbano Convicto tem uma equipe de trabalho? 



Somos poucas pessoas, mas uma base que funciona, que sabe o que cada um precisa fazer num evento como o "Favela Toma Conta" por exemplo.
O articulador e idealizador das atividades que levam nosso nome é toda minha: "Alessandro Buzo", quem trabalha diretamente comigo é a Marilda Borges, na equipe tem ainda Da Antiga (as vezes me ajuda na apresentação dos eventos e no caso do Suburbano no Centro, às vezes me substitui), tem os DJs Claudião e Bibiano, além de Tubarão Du Lixo, José Augusto, Wagnão do Robru. 
Esse é nosso time, só tem camisa 10.



19. Relacionado ao Cinema, como foi fazer o filme "Profissão MC"?  



Uma vitória, pois, o resultado final ficou muito bom e não captamos um único real.
Era um filme que precisava ser feito, uma ficção, porque tudo que vejo feito por periféricos são documentários, além da mensagem que é a opção, entre o RAP e o crime, mostrar que o crime não dá camisa pra ninguém.
www.profissaomc.blogspot.com 




20. Considerações finais?  


Nunca aceite que digam que seu sonho é grande demais, que não é possível.

Mas nunca fique esperando acontecer, faça acontecer.

Desligue a TV e leia um livro.


Pra saber mais do meu trabalho acesse meu site: www.buzo.com.br

Contatos: (11) 2569-9151


Twitter: @Alessandrobuzo



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